A realidade das últimas 2 safras

O vento estava ao favor dos preços da soja diante o conturbado ambiente internacional, crise fitossanitária, registro de quebra de safra na Argentina e EUA. Somado a isso, todo o ambiente de guerra comercial, ideológica e de disputa territorial. Todavia, nas últimas 2 safras o balanço de oferta e demanda global do grão encontrou mais equilíbrio nos volumes, justamente pelo protagonismo do produtor rural brasileiro, o qual motivado por preços cada vez melhores seguiram aumentando as áreas de produção/oferta.

USDA já apontava para soja no patamar de USD 11,00/bushel

Nas projeções para os próximos 10 anos do Departamento de agricultura dos EUA (USDA), tínhamos a leitura de equilíbrio entre oferta e demanda de soja caso a Argentina voltasse a produzir bem e não houvessem quebras significativas nos EUA e Brasil. Isso posto, os preços na Bolsa de Chicago iriam para a marca de USD 11,30/bushel com viés de USD 10,50 para os próximos anos – em 22/23 o valor médio pago aos produtores rurais norte-americanos ficou em USD 14,20/bushel (retração superior a 20% comparado ao nível atual).

A relação estoque:consumo mundial de soja em 33,4% para 24/25 – superior ao nível médio dos últimos 10 anos (27,8%) justifica os preços em Chicago na ordem de USD 11/bushel. Caso não haja surpresas adicionais, o prêmios e taxa de câmbio são as componentes que teremos para equilibrar os preços na safra 2024/25!

Olho na taxa de câmbio!

Sim! Ela deve ser o limiar entre um preço em reais por saca bom ou ruim nesta safra. Taxas de juros nos EUA, SELIC, inflação, PIB e ações do governo são os principais drivers a serem monitorados. É muito importante estar atento às contações do dólar no vencimentos futuros para que possam encontrar taxas mais atrativas que as vistas no mercado spot.

Visto que Chicago tem buscado trabalhar no nível médio esperado pelo mercado e os prêmios voltando para a média histórica para março, o Real desvalorizado diante o Dólar pode gerar excelentes oportunidades de travamento da produção.

Vale lembrar que é super importante manter “casado” a compras dos insumos vs. a venda da produção, aqui na Base Agronegócios, na média geral, dizemos que é recomendado ter travado pelo menos a metade da produção até o momento que antecede os trabalhos de plantio – ressalva para estratégias individuais de cada cliente.